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O excesso de peso e a famosa “restrição calórica“

Que o excesso de peso e obesidade vêm assolando a população não é segredo para ninguém, basta ver a procura cada vez mais crescente por serviços de estética e emagrecimento, principalmente daqueles que prometem resultados rápidos e milagrosos, associados com uma parcela que busca ir pelo caminho recomendado: exercício físico e alimentação. Em muitos casos, a intenção é correta, mas o direcionamento, não. 

Após cinco anos de trabalho com emagrecimento e não me contentando em, por um paciente não ter emagrecido, achar que a culpa é dele por não seguir o protocolo ou por precisar restringir mais calorias, fui atrás de entender o porquê. 



O que está acontecendo com o mundo? Por que as pessoas não emagrecem? 


Dentro do universo de emagrecimento existe muito, é verdade, muito estudo. Pasmem: não, ainda não existe uma resposta exata, certeira e 100% correta que emagreça a todos. Se fosse assim, porque a Maria*, que consome menos de 500 calorias por dia, não emagrece? Porque a Joana, que já tentou ozempic, sibutramina, e agora, sem mais opções, quer fazer a famosa bariátrica, porque parece que nada dá certo? 

Como nutricionista, não me aterei muito a métodos médicos e cirúrgicos, que não são da minha alçada. Assim como alimentação e comportamento alimentar o são, e me aterei a estes. Não, infelizmente só reduzir a quantidade de calorias que você consome, o famoso “fechar a boca”, não emagrece. Emagrece muitas pessoas, é verdade, mas não todas. Algumas dessas que emagrecem com alguns métodos radicais, acabam ganhando o peso todo novamente, ou até mais. É com essas pessoas que falo hoje e com os profissionais que se interessam pelo assunto. 

Não falo apenas por experiência, embora ela exista. Durante minha caminhada como nutricionista eu nunca desisti daquele paciente que não emagrecia, embora suas calorias reduzissem, o exercício existisse, os hormônios e exames estivessem certos. Identifiquei dois pontos nos quais me especializei e comentarei neste artigo: mentalidade e inflamação.

Se você chegou até aqui e é o tipo de profissional que ainda diz que inflamação não existe, chegou a hora de tirar a venda. Não é preciso pesquisar muito para entender os efeitos de uma alimentação rica em ultraprocessados, aditivos químicos, excesso de açúcar e pouca variedade em frutas e outros vegetais. Se você é dos que gosta de estudar, vá a fundo, entendendo as reações bioquímicas que ocorrem no intestino com o consumo ou falta dos mesmos citados acima. A inflamação não é tão simples de resolver, ela é complexa porque começa em um órgão também complexo: o intestino e seus habitantes. 


Faremos uma pausa agora para introduzir o assunto comportamento e já respondo uma pergunta: porque as pessoas não emagrecem? Por ser uma pergunta que abrange uma multidão (“as pessoas”), as respostas podem se encaixar no seu perfil, ou não. Um dos motivos claros é: algumas pessoas não querem mudar. 

Vamos aos fatos. Muitas pessoas não querem parar, realmente, de consumir refrigerantes e doces todos os dias, mudar o paladar ao ponto de gostar de comer um chocolate amargo, não sentir necessidade de tomar uma casquinha toda vez que vai ao shopping. Eu não gosto de extremismos, acredite, mas eu gosto de fazer escolhas que fazem sentido.

Um dos fatores que trabalho muito com paciente de emagrecimento é: você precisa mudar o estilo de vida. Pular de dieta em dieta não muda. O emagrecimento se mantém com escolhas diárias e isto o ozempic, sibutramina, bariátrica, lipo, não conseguem mudar. Ações diárias constroem hábitos que geram resultados. 

Algo que utilizo como base também para estimular a mudança interna é o motivo do emagrecer ir além da estética. Eu me peguei neste mesmo dilema quando, por mais inchada e acima do peso que estivesse, cheia de acne, o que mais pesou em mim foi o diagnóstico de Síndrome do Ovário Policístico e a proximidade com uma resistência à insulina. Ali eu vi que não queria mais este caminho. 


O excesso de peso pode encurtar sua vida. O excesso de peso pode encurtar seus anos de vida úteis (sem remédio e dificuldades). Leia novamente. Deseje mudar não para usar um bikini ou reduzir o número da calça. Deseje mudar para não chegar aos 50 anos tomando dez remédios por dia e gastando metade do seu salário em farmácia e consultas. Faça sua escolha diária pensando em conseguir caminhar, subir e descer uma escada sem dor, brincar com seus netos, andar pelas ruas da Europa quantos quilômetros quiser sem dor, com todo o dinheiro que juntou durante a vida. Emagreça para viajar sem se preocupar em comer, com consciência tranquila durante a viagem o que quiser, sem se preocupar com a insulina ou a pressão alta. 


Você não nasceu com o corpo que tem, ele vai demorar sim para mudar, mas cada escolha que você faz vale a pena, e existe um equilíbrio, acredite. 


Voltemos ao assunto inflamação, para trazer o novo contexto. Muitas pessoas não emagrecem por se importarem mais com calorias do que de onde elas vêm. Sinto lhe dizer, mas importa, e muito. Já cheguei a ficar pasma em um fórum de nutricionistas, quando uma profissional, hoje, em 2024, comentou que emagrecimento é só restringir calorias, não importa se é proteína, carboidrato, gordura. Fiquei imaginando o que ela diz quando um paciente não emagrece, reduz mais? Citei este comentário, caro leitor, pois desejo que você aprenda algo mais hoje: se você reduz muito sua proteína, você perde massa muscular, você perde peso na balança sim, mas isto não é saudável. Quando você restringe carboidrato demais, você pode ter decorrências como inflamação e mudança na microbiota intestinal, afinal os diferentes tipos de bactérias precisam ter o que comer. Quando você reduz muito uma classe de alimentos, certos tipos de bactéria reduzem, e outros aumentam. Este desequilíbrio está associados com, além da inflamação e dificuldade em emagrecer, diversos problemas de saúde.

Indo um pouco além dos macronutrientes, restrição calórica severa (leia-se: diminuir muito a quantidade e variedade de comida) causa também muitas deficiências nutricionais. Algo que infelizmente poucos sabem, mas deveriam saber: seu corpo só funciona à base destes. Muitos micronutrientes (vitaminas e minerais) participam no funcionamento e produção de hormônios, tão essenciais para a vida. Já ficou com queda de cabelo? Unhas quebradiças? Cansaço? Desenvolveu algum problema de tireoide? 

Voltando ao intestino, o tipo de alimento vai influenciar na qualidade do seu intestino, nas mudanças nas bactérias intestinais, e elas influenciam MUITO a perda de peso. Em seu intestino, elas são responsáveis por emitir sinais que chamamos de metabólitos, conforme o que você come. Estes metabólitos possuem funções em seu corpo, podendo estimular, ou não, a tal da inflamação. 


Não quero colocar confusão em sua cabeça, e sim clareza. Então para você ter certeza de, afinal, como devo me alimentar? 


Para iniciar a mudança, é mais simples do que imagina: olhe para o passado. Sim, os ancestrais. Olhe para quando não existiam grandes indústrias de alimentos e o bolo era feito em casa, não comprado em caixinha. Mantenha a sua alimentação o mais próximo disso: comida natural. Comida de verdade. No fim das contas, uma alimentação anti-inflamatória está muito próxima disto.

No mais, busque acompanhamento e, de coração, se for alguém que diz uma das barbaridades aqui já esclarecidas, procure uma segunda opinião. Se você não emagrece, não necessariamente é sua culpa. 



*nomes e casos fictícios. 

 
 
 

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